segunda-feira, 23 de abril de 2018

Carnaval de Salvador é possível!

Com pouca grana, tênis confortáveis e uma turma animada, você "vai perceber que o baiano é um povo a mais de mil"! (Foto: Juntando Mochilas)

Depois de testarmos a folia carioca com mãos de vaca, nos empolgamos e queremos mostrar que, com pouco dinheiro, você pode curtir qualquer carnaval do Brasil. Se você tem acompanhado o nosso instagram, deve ter percebido que passamos o último carnaval na Bahia. Prepare a sua fantasia e compre as suas passagens. Nós garantimos: o Carnaval de Salvador é possível!

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A Nívia Guirra, do blog Viagens Invisíveis, foi quem nos hospedou em Salvador. Nesta foto, "a Timbalada tá de banda! Tá de bandinha". (Foto: Juntando Mochilas).

We are carnaval

Esqueça qualquer noção prévia sobre as festas momescas na capital baiana! O carnaval de Salvador está se reinventando e se tornando uma festa incrivelmente democrática. Observe a foto que abre a nossa matéria e você vai entender. Contrariando todas as minhas expectativas, não há NINGUÉM vestindo abadá na imagem. Pois é. Eu também fiquei chocada quando percebi isso, porque achava que só conseguiria se divertir quem gastasse uma fortuna para comprar uma camisa de camarote e/ou de bloco, para andar 5Km entrincheirado pelas cordas. Fiquei embasbacada ao chegar lá e ver gente de todas as classes sociais, com idades variadas, de recém-nascidos até uma senhorinha de 95 anos, e de todas as partes do mundo curtindo a festa numa boa. De graça. Basta estar lá e você já faz parte da festa.


Artistas como Saulo Fernandes lutam para redemocratizar a festa e já saem sem cordas há alguns carnavais, porque "a Praça Castro Alves é do povo como o céu é do avião". (Foto: Juntando Mochilas).



Como funciona

O carnaval de Salvador tem vários circuitos. Os dois mais conhecidos são o que sai do Farol da Barra até a praia de Ondina (circuito Dodô) e o que fica na famosa Avenida Sete de Setembro no Campo Grande (circuito Osmar). Existem outros, como o do Pelourinho (circuito Batatinha) que tem blocos de rua menores e palcos (um dos principais fica no pelourinho), mas Dodô e Osmar são os mais animados. Os circuitos ganharam estes nomes em homenagem aos criadores do Trio Elétrico.
Tudo o que você precisa é conferir a programação do dia nos sites, aplicativos, rádio ou TV, escolher o melhor circuito e ir. Simples assim! Por exemplo, se você quer ver Ivete Sangalo e Luiz Caldas e eles dois estarão no Dodô, você desce pro Farol. Mas se você quer ver Daniela Mercury, Bell Marques e o Ilê Ayiê, e eles vão se apresentar na Avenida Sete, suba pro Osmar.


Luiz Caldas é o rei da Bahia. Com ele, "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu". (Foto: Juntando Mochilas)



O melhor local para curtir o Dodô é o trecho da Avenida Oceânica entre o Farol da Barra e o Morro do Cristo. O local é seguro, bem policiado, tem muito sanitários, todos limpos e com papel higiênico, sem contar que, por ficar logo no começo da festa, você evita tumultos, pessoas muito bêbadas, confusões. Se eu fosse você, colocaria um biquíni por baixo da roupa e aproveitaria pra mergulhar no mar entre um trio e outro.
No circuito Osmar, o melhor local são as redondezas do Largo do Campo Grande, onde mora a Ivete Sangalo. É lá que ficam os camarotes e as arquibancadas. Se você escolher comprar um ingresso de arquibancada, pagará cerca de 60 reais. Nós preferimos ficar no chão. Escolhemos o bar Quintal Raso da Catarina como ponto de encontro e, a cada artista que queríamos ver, subíamos para a varanda do bar. Você também pode ficar na rua. Escolha o cruzamento entre a Avenida Sete e a Rua Carlos Gomes, em frente ao Consulado da Itália. Lá é bem arborizado, o que ajuda a disfarçar o calor.
A dica de ouro, em qualquer um dos circuitos, é chegar logo no começo dos desfiles, escolher um local e curtir. Se vem um trio de artista que você gosta, acompanhe. Se você não gosta, fique onde está que ele passa. Se vir que vem muita gente acompanhando o trio e vai ficar apertado demais, entre em uma rua transversal, espere a muvuca passar e, então, volte. Marque com a sua turma um ponto de reencontro, caso alguém se perca, se agarre ou vá ao banheiro.
Sobre segurança, a polícia baiana é bastante ostensiva. Isso diminui as chances de ocorrerem assaltos, brigas. Em compensação, você precisa ficar ligado o tempo todo, porque os policiais lá não pedem licença. Eles passam abrindo caminho com cassetetes em punho. Se você estiver de costas ou desligado, leva um cutucão, ou um "chegue pra lá". E se reclamar, pode apanhar.
Para evitar contratempos, não leve carteira, celular ou objetos de valor, como joias. Distribua o dinheiro em vários bolsos ou use uma doleira por baixo da roupa só com o necessário dentro. Apesar de ser tranquilo e nos sentirmos seguros, os espertinhos se aproveitam de momentos de distração para meter as mãos no que é dos outros. Eu mesma fui vítima de um meliante, que enfiou a mão no meu bolso e roubou (pasmem!) um metro e meio de papel higiênico dentro de um saquinho plástico, que eu levei em caso de emergência. Foi só papel higiênico, mas poderia ter sido outra coisa. E isso acontece em qualquer lugar do mundo. Não é exclusividade baiana. Então é melhor estar prevenido.


Tem trio de todo tamanho. Você pode seguir esses carrinhos onde mal cabem quatro músicos dentro
ou  "sentir o fogo do Dragão, o maior trio do planeta". (Foto: Juntando Mochilas)




O que você não pode deixar de fazer?

Alguns artistas são emblemáticos no Carnaval de Salvador. Voltar de lá sem ter visto Luiz Caldas é um crime! O cara foi o criador do Axé e é considerado o Rei da Bahia. Vá ver! O trio de Armandinho, Dodô e Osmar também é imperdível, principalmente quando se pensa que tudo começou com eles. Priorize ainda Sara Jane, Daniela Mercury, Bell Marques, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhi, Timbalada, Olodum, Saulo Fernandes, Harmonia do Samba, Leo Santana e Baiana System e você terá tido um panorama completo do Carnaval de Salvador.
Se quiser coroar a experiência, veja a saída do Ilê Aiyê na Senzala do Barro Preto, no Curuzu. Também não deixe de acompanhar nem que seja só por alguns metros o trio de Saulo Fernandes e o Navio Pirata do Baiana System. Não se espante com o aperto! Tem empurra-empurra, mas é só amor!
Só se for homem e estiver disposto a pagar R$ 100 por uma experiência única, vá até a sede dos Filhos de Gandhi (Rua Maciel de Baixo, número 53, ao lado do Museu Jorge Amado, no Pelourinho) no último dia de carnaval e compre o traje já usado de alguém que não vai sair neste dia. Vista e saia no Gandhi. Se você fosse pagar para sair os quatro dias, gastaria R$ 600.


Um dos poucos blocos pagos de 2018, os Filhos de Gandhi passam espalhando paz e alfazema, mas isso "pra mim é lucro, máquina de louco". (Foto: Juntando Mochilas).

Sobre valores

Fomos para Salvador de carro e nos hospedamos na casa de amigos, então o custo foi mínimo. Se você não conhece nenhum amigo em Salvador, a cidade é bem servida de hospedagens baratas. Recomendamos o Fonte Nova Hostel, que fica perto do Pelourinho, do circuito Campo Grande, de estação de metrô. Tem ônibus na porta, mercado, padaria e farmácia por perto.
Sobre transporte, rachávamos Uber para ir e voltar, então saía mais barato que ir de ônibus. Mas se for usar transporte público, os locais dos ônibus estão bem sinalizados. Tenha um pouco de paciência pois o volume de gente é grande. Vale lembrar que o elevador do Lacerda é de graça nesse período. Não compramos blocos, camarotes nem festas. Nossa festa foi de graça. O gasto que tivemos foi com bebida. Uma latinha pequena de cerveja custava R$ 3, ou 4 por R$ 10 nos primeiros dias. Nos dois últimos dias, comprávamos por R$ 2 a unidade. Isso mesmo! Cinco latas por dez reais. Dá pra ficar bêbado com muito pouco.
Se quiser levar bebida própria, não tem problema. Mas leve em garrafas plásticas pois existem pontos de revista nas ruas adjacentes e garrafas de vidro não passam.
Eu nem gosto de cervejas industriais, mas neste preço a gente "pega a latinha e bate uma na outra. Tchá-tchá!". (Foto: Juntando Mochilas).

Nós almoçávamos bem antes de sair de casa, o que nos dava o conforto de só sentir fome à noite. Se desse fome e ainda estivéssemos na rua, pagávamos uma ou duas fatias de pizza numa pizzaria que vende a retalho na Rua Miguel Brunier (Hu-Pastéis) e pronto. 
Fazendo as contas, cada dia de farra nos custava menos de R$ 50 para o casal, ou seja, R$ 25 por pessoa. Multiplique isso pelos dias de carnaval e você vai perceber que sai barato demais. É carnaval de Salvador pelo preço de carnaval de interior!


"Pelourinho se transforma em Carnaval e neste momento a alegria é geral!". (Foto: Juntando Mochilas).

Se até aqui você ainda tem dúvidas se vai gostar ou não do Carnaval da Bahia e está pensando que nem gosta de axé tanto assim, explique como você reconheceu TODAS as músicas que eu citei nas legendas das fotos! Heheh!

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Nívia Gouveia é jornalista e travel-writer.
Mochileira convicta, leitora incurável, sonhadora juramentada, Nívia pertence a uma linda labrador chocolate chamada Shakira.
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