quarta-feira, 21 de junho de 2017

A Buenos Aires de Carlos Gardel

Estátua viva de Carlos Gardel, Buenos Aires

Difícil pensar na Argentina sem imaginar o Tango. Nos últimos anos, os brasileiros se tornaram visitantes frequentes das terras portenhas e tiveram bastante contato com a dança. É até clichê ir a shows de Tango (seja em casas especializadas ou nas ruas) e fazer fotos com dançarinos em qualquer esquina da capital argentina. Os visitantes mais ousados ou os que tenham mais tempo na cidade até arriscam aulas de tango, que, inclusive, fazem parte de pacotes turísticos. Dá para dizer que o tango é ‘a segunda língua mais falada em Buenos Aires’, depois do castelhano.

Boa parte dessa popularização se deve a um Morocho (morocho significa “mulato”, e era o seu apelido) de origem controversa: Carlos Gardel. Assim como acontece com o tango, as raízes de Carlos Gardel são uma grande incógnita. O próprio cantor nunca deixou claro se nasceu no Uruguai ou na França. Independente disso, tanto ele quanto o Tango encontraram terreno fértil para crescer na Argentina. E a capital Buenos Aires possui locais que todo amante do maior expoente desse ritmo deve visitar:

1. Café Tortoni

Vista interna do Café Tortoni, Buenos Aires
Frequentado por grandes figuras políticas e populares de Buenos Aires e pelo próprio Gardel, que até chegou a se apresentar no espaço. No local, há uma mesa que ele costumava sentar quando queria se reunir com os amigos.

2. Museu Casa de Carlos Gardel

Um gramofone passa o dia tocando os sucessos do Morocho.
Situado à Rua Jean Jaures, 735, no bairro de Abasto, o museu funciona na casa onde Gardel viveu com a sua mãe, na infância. A casa abriga um vasto acervo audiovisual e de objetos pessoais, que estão dispostos de forma a parecer que os donos ainda circulam por lá, principalmente na cozinha. Para chegar ao museu, pegue a linha vermelha do metrô e desça na estação Carlos Gardel. Saindo do metrô pela avenida Corrientes, e ficando de frente para o McDonald’s, você vai caminhar para a sua direita, e entrar na primeira rua à esquerda, na rua onde tem um posto Shell e procurar o número 735. Sim, é difícil. A casa é bem simples, de porta e janela, mas vale a pena a visita, até por causa do preço. Custa menos de 2 reais!

3. La Chacarita

Anote as dicas de como achar o mausoléu de Gardel e não dê ouvidos aos argentinos que quiserem lhe indicar o caminho. Ou melhor, DÊ! Você não vai se arrepender!
Uma parada quase tão obrigatória em Buenos Aires quanto a visita ao túmulo de Evita é o túmulo de Carlos Gardel, no Cemitério de la Chacarita. Descendo na estação Federico Lacroze, o cemitério estará à frente. O mausoléu do cantor fica para o lado esquerdo, assim que você entrar. Seguindo a rua que ladeia o muro, entre na quinta ruela à direita. O túmulo estará no segundo cruzamento. É fácil de identificar. Há uma estátua de Gardel, normalmente segurando um cigarro ou um copo de cerveja, deixados pelos fãs. O local também é cheio de placas e homenagens ao cantor que faleceu aos 44 anos de idade, em um acidente aéreo na Colômbia.

4. Número 348 da Avenida Corrientes


Esse endereço foi eternizado na música "A media luz", considerada o tango mais bonito e conhecido de Gardel. Nesse endereço residia a amante de Carlos, e que foi o grande amor de sua vida. Porém, para tristeza dos muitos fãs, o local atualmente é apenas um estacionamento com uma placa bem tímida dizendo que aquele endereço foi do grande amor de Gardel.


5. El Caminito

Carminito, Buenos Aires
Bairro boêmio da capital argentina, cheio de casas coloridas, artistas de rua, bares, restaurantes e casas de shows. Um dos endereços em que Carlos Gardel morou e onde cantava pelas ruas, madrugada a dentro. Visitar o Caminito é respirar os ares por onde o tango se perpetuou. Vale lembrar que “Caminito” é o nome de um famoso tango gravado por ele.

6. La Compasita


Pequena casa de tango localizada no bairro de San Telmo e título de outro tango famoso de Gardel. Há quem diga que foi aqui onde ele cantou essa música pela primeira vez e por isso o estabelecimento adotou o título da canção. Não faz parte dos roteiros turísticos tradicionais, mas é um lugar que mantém o estilo exatamente como era na época. Apesar de não haver registros sobre tantas apresentações, comenta-se que o Morocho cantou inúmeras vezes em La Compasita.

7. Puerto Madero

Puerto Madero
Bom, esse já não existe mais como era naquela época, já que o antigo porto foi destruído e remodelado, mas em meados dos anos 40 a região era cheia de cabarés. Andando pelas ruelas de Puerto Madero, ainda é possível encontrar alguns pequenos bares e casas de tango frequentadas pelos próprios portenhos. A manutenção das tradições leva a um passado onde o tango é tocado para se dançar e não simplesmente para encher os olhos de turistas. A história conta que, em um desses cabarés, Juan Domingo Perón conheceu sua esposa Evita numa apresentação de Carlos Gardel. A história de Perón e Evita você conhece. Ele se tornou Presidente da Argentina e ela, uma das mulheres mais importantes do mundo.

8. Embaixada Francesa de Buenos Aires


Aqui é onde mora a polêmica. Numa placa na entrada do prédio lê-se "Carlos Gardel: o maior presente que a França deu à Argentina", insinuando que ele seria francês e contrariando o desejo dos portenhos de considerá-lo prata da casa. Nesse ponto, porém, a biografia de Gardel é uma grande confusão. Há dados que atestam que ele descende de Tacuarembó, interior do Uruguai. Outros dados dão conta de que ele nasceu em Toulouse, na França. Quando perguntado sobre isso, ele sempre se esquivava e respondia "Nasci em Buenos Aires, aos 2 anos e meio”.

9. Bar Facal (Montevideo)


OK... A lista era sobre lugares de Buenos Aires e o bar fica em Montevideo... Fique com esse local como um ‘extra’! É que não tem como falar de Gardel sem entrar na polêmica de onde surgiu o Tango. Existem teorias de que o ritmo tenha inclusive surgido no Brasil, mas uma das mais aceitas por diversos estudiosos é que o tango veio do Uruguai. Então, para uma visita a Buenos Aires de Gardel, você precisa separar um dia de sua viagem, pegar o Buque e atravessar o Rio da Prata para visitar o Bar Facal, (Avenida 18 de Julio, Ciudad Vieja) no centro de Montevideo. Neste local, Carlos Gardel cantava tango antes mesmo de ir morar na Argentina. Aqui você encontrará uma estátua do músico e constantes espetáculos de tango com casais dançando na rua.

Esse post foi possível graças a ajuda de um grande fã de Carlos Gardel, o Alberto Sales, pai da jornalista Fernanda Sales do blog Salto no Mundo. Aproveitem e já add o blog dela nos favoritos!


José Jayme
engenheiro civil, travel-writer, nerd de carteirinha, amante da boa comida e esportes em geral. Colaborador do guia e portal O Viajante.
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