domingo, 13 de março de 2016

O Recife de Chico Science

Mural do Memorial Chico Science

No dia 13 de março de 2016, o cantor pernambucano Chico Science faria 50 anos. Talvez adjetivá-lo apenas de “cantor” seja muito pouco para o que Francisco de Assis França fez, não só para o cenário musical de Pernambuco, mas para o de todo Brasil dos anos 1990, época onde pouca coisa nova estava surgindo.
Chico Science, juntamente com outros artistas, fundou o movimento Mangue Beat, em 1991, tendo como base a fusão de elementos regionais, como o maracatu, com elementos internacionais, como o pop, o rock e até o hip-hop. O próprio nome do movimento traz essa ideia: a fusão das palavras 'mangue' (ecossistema ribeirinho bastante comum no Nordeste) com a palavra 'beat', que em inglês significa “batida”. Sua banda, a Chico Science & Nação Zumbi, estava à frente do movimento; hoje, a Nação Zumbi mantém viva o legado musical de Chico.
Infelizmente, após 20 anos de sua morte, a memória preservada do artista não está à altura de sua importância: são poucos os lugares em Recife que fazem referência ao seu legado. Para muitos de outros estados, o precursor do movimento Mangue Beat é a principal referência cultural da capital pernambucana. Definitivamente, os raros vínculos da cidade com Chico Science merecem um registro.
Listamos quatro locais que os fãs de Chico devem visitar em Recife, para respirar um pouco de sua atmosfera:

Memorial Chico Science


A história de chico contada logo na entrada

Localizado na rua São Pedro, nº 21, bairro de São José, bem no centro da cidade, o local não é exatamente um museu e sim um espaço para interação com elementos que foram fundamentais para o surgimento do movimento Mangue Beat e de Chico Science enquanto artista. Por aqui, rolam palestras, disponibilizam-se livros, vídeos e demais materiais para consultas e você ainda encontra um mural com informações sobre a história do cantor.

Rua da Aurora


A Rua da Aurora merece um passeio descompromissado

Em 1992, Chico Science e os músicos Fred Zero Quatro e Mabuse dividiram um apartamento na rua da Aurora, entre as pontes do Limoeiro e Princesa Isabel, no centro do Recife. O prédio, chamado Capibaribe, possui uma vista privilegiada da cidade, ficando bem de frente para o rio que lhe dá o nome. Dali é possível avistar o porto do Recife e quase todas as pontes sobre seus rios.
Em seu apê, Chico recebia os amigos em conversas regadas a bastante cerveja. O apartamento não está aberto à visitação, mas quase em frente a ele ergue-se um monumento em homenagem ao Mangue Beat: um caranguejo metálico gigante. Bem ao lado do rio e ao mangue que o margeia, referências constantes em suas letras.

Rua da Moeda


Estátua de Chico Science, localizada na Rua da Moeda

Se há um lugar que representa bem a efervescência do Mangue Beat, esse certamente é a Rua da Moeda. No ápice do movimento, o centro do Recife passou por uma revitalização e essa rua foi adotada pelos chamados “alternativos” da cidade. Hoje, muitas apresentações de maracatu acontecem em seu entorno, e o local é ponto de encontro de todas as tribos, que chegam para tomar uma cerveja e discutir a cena cultural da cidade. Ah sim, no mesmo lugar, uma estátua homenageia Chico Science.

Memorial Arcoverde


Landau de Chico Science: o retrato do descaso com sua memória

Talvez esse seja o local que mais remeta à tristeza pelo precoce fim de sua carreira, seja pelo descaso do poder público, seja pela sua morte. Na divisa entre Recife e Olinda, por trás do planetário, está exposto o Ford Landau 1979 que Chico comprou com o dinheiro da sua primeira turnê pela Europa. A propósito, a palavra “exposição” não é a melhor a ser aplicada: o carro está simplesmente estacionado, ao lado de vários entulhos, entregue à maresia e sem nenhuma indicação sobre sua origem.

Ironicamente, o Landau está localizado ao lado do mangue que leva o nome de Chico Science, embaixo do viaduto onde ocorreu o acidente que culminou na sua morte, a poucos metros do ponto do impacto. Em fevereiro de 1997, enquanto voltava de Recife para Olinda, Chico dirigia o Fiat Uno de sua irmã, ao invés do Landau, o que teria preferido por "ser mais fácil de estacionar". Talvez não tivesse perdido o controle da direção se estivesse dirigindo o velho Ford...




Obs.: Esse artigo foi inicialmente escrito para publicação no site Viagem Livre, por intermédio do portal de viagens O Viajante.

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José Jayme
engenheiro civil, travel-writer, nerd de carteirinha, amante da boa comida e esportes em geral. Colaborador do guia e portal O Viajante.
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